Press - Interviews
24th January 2003
Interview for Jornal Diário Insular #17209

ThanatoSchizO com novo álbum via Inglaterra
Mais uma banda portuguesa com editora estrangeira

Click for a larger viewEsta semana publicamos uma entrevista com a banda de Santa Marta de Penaguião. Se bem me lembro, esta banda já por estas páginas passou, com edição de anteriores registos. Desta vez, volta ao Musicalidades, falando acerca do seu segundo e novo álbum de originais "InsomniousNightLift". Lançado em Portugal pela Misdeed Records e no mundo pela editora inglesa Rage of Achilles.

Comecemos por falar acerca do vosso álbum de estreia "Schizo Level", que balanço final fazem dele, visto que, à partida, verificamos logo um resultado prático, a assinatura pela editora inglesa Rage of Achiles?
Guilhermino:
O balanço é muito, muito positivo. O álbum marcou o primeiro passo mais sério na nossa carreira discográfica e definiu as bases para o som único que sempre procurámos. Além de nos permitir começar a ser conhecidos em várias partes do mundo, foi o passaporte para assinar contrato com a britânica Rage of Achilles - no fundo a nossa ambição maior na altura.

Ainda em relação ao "Schizo Level", tal como disseste, ele foi o álbum que finalmente fez com que os ThanatoSchizO aparecessem no mainstream mundial, mas deixando uma legião de fãs do underground português que vos acompanham. Sentem isso mesmo?
Guilhermino:
Sentimos que temos um leque enorme e variado de pessoas que se interessa essencialmente por qualidade e que aprecia bastante o nosso trabalho. Sentimos que, globalmente, os fãs do nosso som são pessoas com um nível de exigência face às artes/cultura bastante elevado e alegra-nos conseguir surpreender essas pessoas. Sentimos, claramente que, apesar do metal mais mainstream em Portugal estar completamente corrompido, conseguimos furar todo e qualquer entrave e a prova disso são os nossos concertos sempre cheios.

Precisamente quanto ao mainstream, continuam em Portugal a lançar o álbum por uma editora independente, a Misdeed Records, e agora o facto de assinarem por uma editora estrangeira pode ser interpretado como que um "murro na mesa" contra o mainstream em Portugal?
Guilhermino:
O motivo de fazermos questão de continuar a ser editados no nosso país pela Misdeed Records (enquanto que em todos os outros países a distribuição é da Rage of Achilles) deve-se apenas ao facto de termos uma confiança quase cega nas pessoas por detrás da Misdeed, que sempre provaram ser, acima de tudo, nossas fãs e amigas. É óbvio que no nosso território, a Misdeed chega a locais onde a Rage of Achilles possivelmente não chegaria, mas, pensando bem e face à típica mesquinhez lusitana, se calhar certas "entidades" valorizar-nos-íam mais se a responsável em solo nacional pela nossa edição fosse a editora inglesa.

Recentemente dei conta de diversas informações que apontavam o vosso novo álbum como um dos mais votados em várias revistas, como sendo o melhor do ano, estando mesmo à frente das chamadas edições de mainstream. Como interpretam isso, tendo em conta os condicionalismo que abordámos anteriormente?
Guilhermino:
Afinal, o público não é tão burro como muitos o querem fazer crer - essa é a minha interpretação e vinca, acima de tudo, a tal ideia que referi anteriormente de que, apesar de nos continuar a ser impedida a divulgação em vários "meios" no nosso país, é possível furar o boicote. Dar bofetadas de luva branca sabe tão bem...

As gravações deste álbum decorreram novamente nos Rec'N'Roll Studios, apesar de haver já um certo preconceito em relação a esses estúdios, devido à sonoridade que acaba por demonstrar uma parametrização idêntica. Mas voltaram a apostar neles e, curiosamente, tendo como resultado uma sonoridade completamente distinta do que é feito por lá. As gravações tiveram isso em mente, como elas correram?
Patrícia:
O facto de voltarmos a escolher os estúdios Rec'N'Roll só prova que temos muita confiança no trabalho desempenhado pelo Luís Barros. A nossa relação com ele é a melhor possível e a maneira como ele opera é deveras boa e propícia a que tudo decorra da melhor maneira. O facto de o nosso som não estar "estigmatizado" também se deve ao facto de não sermos uma banda como as outras e é claro que isso também se nota no resultado final da gravação.
Guilhermino: O estigma à volta dos Rec'N'Roll deve-se, segundo a minha visão, às bandas e não ao estúdio. A prova disso são os nossos três registos lá. Agora, é lógico que se colocares 10 bandas semelhantes (sem originalidade ou opções válidas) no estúdio, naturalmente vais ter dez bandas a soarem ao mesmo. O Luís Barros, mais do que o nosso produtor, é um grande amigo e uma pessoa que percebe a nossa orientação musical.

A edição portuguesa deste novo álbum "InsomniousNightLift" já saiu, a edição mundial só será a 27 de Janeiro, pela Rage of Achiles. Como é que efectivamente as coisas vão se passar?
Guilhermino:
Até ver a editora tem cumprido tudo o que acordámos e, como tal, as perspectivas para o futuro próximo são bastante optimistas. A promoção começou em Dezembro e o álbum sairá, como disseste, em 27 de Janeiro. As primeiras reviews têm chegado e - tal como calculávamos - são bastante melhores que as originárias do nosso próprio país. O segundo passo será depois dado a meio do ano e consiste na reedição do nosso primeiro álbum

No que diz respeito a nível de musicalidade e até no seu todo, arrisco-me a dizer que é um dos melhores discos portugueses da actualidade, para isso certamente contribui uma evolução musical da banda, principalmente dos vocalistas. Concordam?
Patrícia:
A evolução que se operou foi no conjunto da banda, mas sem dúvida que concordo contigo quando dizes que essa evolução se sentiu mais na parte das vocalizações. Tanto o Eduardo como eu tivemos mais tempo para encontrar melodias e amadurecê-las, uma vez que tivemos um período bastante extenso e intenso de pré-produção. Isso conduziu a um amadurecimento das vocalizações, das interpretações e a um melhor trabalho também em estúdio.

Quanto a concertos, já deram uma actuação na Fnac e agora o que podemos esperar dos ThanatoSchizO, uma digressão internacional?
Patrícia:
Os próximos concertos já estão agendados: dia 15 de Fevereiro - Hard Club, dia 28 de Março - Le Son (Coimbra). Vamos igualmente efectuar mais algumas actuações nas Fnacs, mas as datas ainda não estão marcadas. Quanto a uma digressão internacional, estamos ainda à espera do lançamento do álbum pela Rage of Achilles e depois tudo irá depender da própria editora, das vendas alcançadas e da conjuntura em geral.

Pedro Alexandre

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