Press - Reviews
08th August 2010
Schizo Level review, Metrónomo

ThanatoSchizO
Schizo Level
CD, Misdeed Records, 2001


Já passaram sensivelmente nove anos desde a largada deste “Schizo Level” dos transmontanos ThanatoSchizo. E mesmo passados esses anos, este trabalho ainda deixa marca e dá cartas no seio do metal nacional e estrangeiro.
O meu regresso ao passado tem como causa a genialidade deste trabalho e da capacidade de nos envolver nas suas múltiplas facetas e ambientes. Porque tal como o nome do trabalho indica, aqui está apresentado num suporte artístico um ambiente esquizofrénico, com os seus altos e baixos (dependendo do ponto de vista) e com os seus momentos de caos e de harmonia.

“Schizo Level” abre com passos na areia ao som de um estranho trompete que anuncia o rasgar da lucidez para a abertura de um ciclo de esquizofrenia. “RAW” é a brutalidade deste álbum, com todos os instrumentos a descarregar momentos de Metal pesado. Tal como a voz gutural e rasgada que parece que parece que ultrapassa o limite do humano (talvez tenha sido esse o objectivo). “Suturn” é o seguimento lógico da “RAW”.
Mas o ambiente começa a mudar a partir da “Patheon (as in Strip-Tease)”, onde se ouve a harmonia de alguns instrumentos orientais, fazendo-nos recordar o seu Yin-Yang (símbolo que representa a dualidade de energias opostas: nocturno e diurno; por sua vez, este símbolo pode ter muito que ver com o conceito deste álbum dos ThanatoSchizo, não fosse o seu trabalho ter estes altos e baixos de caos e harmonia).
“Nightmares Within” mantém esse lado étnico ao som de uma flauta, ao mesmo tempo que anuncia uma estrutura musical que liga e dá consistência ao álbum todo.
“Cântico Negro” é a recitação perfeita do poema de José Régio (nem ele o poderia ter evocado tão bem), e que dá ainda mais consistência e argumento ao conceito de “Schizo Level”. Mas este trabalho é, para além da sua vanguarda no estilo Metal, um evocador do Doom Metal tal como se pode ouvir em praticamente todas as músicas, principalmente na “A Day... (Rebind of thy Restless Mess II)”.
O grupo manteve a postura e coragem para nos apresentar um riff que tresanda a Anathema no seu tempo de “The Silent Enigma” (para os mais velhos: digam lá se não se lembram da abertura do “The Silent Enigma” quando ouvirem esta música dos nossos transmontanos?). Mas esta observação não é, de longe, pejorativa; é, antes, o enaltecimento da banda por terem tido a coragem de se afirmarem com os seus gostos e influências em todos os níveis.
“Nausea” é, na minha opinião, o ponto alto do albúm. Uma música que tem o feeling se uma evocação, como se fosse um desafio ao divino (cortesia de William Shakespeare). Além disso, há uma comunhão perfeita (daquelas que arrepia) da guitara com a voz/texto.

O cilco termina com a “Weird Curse - Metamorphosis; The Return; The Nightmare After”. Inicialmente esquizofrénica com sons electrónicos, o álbum regressa ao início cujos passos na areia trazem melodia, paz e harmonia – para redescobrir sempre!
5 CDs + 1 EP
€45.00 / $58.50
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