Live review of the gig at Hard Club (Porto, Portugal), Versus Magazine
ThanatoSchizO + ManInFeast
Hard Club – Porto
12.3.2011
Sob a bandeira da “pronúncia do Norte”, acolheram-se pelo menos três gerações (a avaliar pelo público presente na Sala 2 do Hard Club do Porto) unidas por uma mesma causa – a música portuguesa –, aqui representada por duas bandas, que apresentaram prestações pouco convencionais.
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Depois do intervalo da praxe, o toque de reunião dos fãs em torno do palco foi dado pela audição de uma canção do folclore do norte transmontano, que soou estranha a alguns dos presentes, apesar de a ligação entre o metal e o folclore ser bem frequente. Talvez a surpresa derivasse de não ser este o Norte habitual!
À medida que o inusitado canto soava – a lembrar os velhos tempos de Michel Giacometti e do seu Povo que canta –, os membros dos ThanatoSchizO iam ocupando o palco, por sinal bastante pequeno. Com a apresentação a cargo da vocalista Patrícia Rodrigues, desfilaram temas de vários álbuns conhecidos dos presentes – de forma mais ou menos aprofundada –, reescritos e rearranjados no último lançamento da banda, a que deram um título bem poético: “Origami”. Aliás, este exemplo da arte japonesa estava representado no palco – com borboletas de papel colocadas sobre um dos amplificadores – e numa animação que acompanhou um tema, deixado numa versão apenas instrumental, mas verdadeiramente arrasador pela sua força e beleza. Patrícia Rodrigues e Guilhermino Martins revezaram-se nos vocais ou construíram belos duetos, à medida que a banda ia mostrando o que sabia fazer, em ritmos menos metaleiros, mas de sabor bem português (incluindo uma piscadela de olho à bossa nova). Não faltaram os convidados, incluindo um acordeonista e um clarinetista e, a dada altura, os próprios ManInFeast, que acompanharam TSO, numa faixa que foi orquestrada para o CD, recorrendo a palmas e vocalizações diversas e criando um belo momento de comunhão entre todos os artistas e o público presente.
O encore foi uma oportunidade não para cada um dos membros dos TSO mostrar o que valia – porque já o tinham feito antes, de uma forma que não deixava margem para dúvidas –, mas para apresentarem solos que deixaram o público ansiosamente à espera do próximo encontro.
CSA