Press - Interviews
19th June 2006
Interview for ÐÆΜΟΠΙ∨Μ Blog

Pensámos em trocar umas palavras com Guilhermino Martins, dos ThanatoSchizo, numa altura em que começa a falar-se da composição de nova obra. Esse e outros assuntos em discuçãs nas linhas que se seguem...

P - Já se fala na preparação do novo álbum....provavelmente já deves ter pessoal curioso, a questionar-te sobre os novos temas, capa...coisas desse género. Isso funciona como pressão ou motivação para os ThanatoSchizo?
Sim, começamos a ser questionados em relação a isso, mas as pessoas vão realmente ter de esperar para perceber qual será o nosso próximo passo. Basta uma análise rápida aos nossos outros lançamentos para se perceber que nunca nos repetimos e, como tal... Não o vejo como pressão. Já andamos há alguns anos neste meio para saber lidar com essas coisas. Motivação... sem dúvida: significa que as pessoas estão interessadas e expectantes em relação ao nosso rumo.

P - Em "Turbulence" verificou-se o oposto daquilo que caracterizava o vosso som: uma maior definição da vossa orientação musical. A que se deveu isso? Na minha opinião foi uma boa aposta....
Basicamente foi aquilo que nos apeteceu fazer no nosso terceiro álbum. Não costumamos pensar nem teorizar muito sobre o que vamos compor. Limitamo-nos a tocar, fazer jams e deixar a dinâmica da banda falar mais alto. Se os outros registos foram mais “variados”, foi porque assim o pretendemos na altura. Para nós criar música é forma de arte... teorizá-la demasiado só a prejudicaria.

P - Outra boa aposta foi a adopção de uma vocalização feminina a tempo inteiro, não achas?
A Patrícia já tinha esse papel no álbum anterior (InsomniousNightLift), portanto nem tenho essa concepção das coisas. Os 6 elementos de ThanatoSchizO são-no “a tempo inteiro”.

P - Essa maior definição daquilo a que se dedicam, é para manter neste novo registo?
Lá está, já consegues adivinhar a resposta, certo? Neste momento ainda é muito cedo para falar. Dentro de um ano já deves poder perceber isso. Mas repito: não nos vamos repetir – como nunca o fizemos, aliás.

P - Desde o vosso primeiro trabalho de longa duração, apareceram ligados à nacional Misdeed Rec. e depois à Rage of Achiles, que creio que terminou posteriormente. Esse terminus influênciou a vossa carreira?
A ligação à Rage of Achilles foi bastante proveitosa, na medida em que, por se tratar de uma editora com bastante culto e um catálogo tão pouco ortodoxo, nos colocou num patamar superior ao que detínhamos anteriormente. Depois, o InsomniousNightLift teve uma excelente distribuição mundial e permitiu-nos chegar a variadas pessoas, bem como difundir o nome da banda através das inúmeras críticas e entrevistas relacionadas com o álbum. O fim da editora conduziu-nos à australiana Pandemonium Records e, no fundo, é por nós visto como mais um passo evolutivo na carreira do grupo.

P - Para este novo álbúm, mudaram algumas das vossas rotinas? Refiro-me ao local de gravações, por exemplo?
Ainda não é certo em que estúdio gravaremos o próximo álbum. Nesta fase ainda estamos a compor os temas na sala de ensaios, para dentro de alguns meses começarmos as pré-produções no nosso estúdio.

P - Uma curiosidade, como são os vossos ensaios?
Depende exactamente do contexto em que estamos a ensaiar. Como nesta fase a ideia é compor temas novos, os nossos ensaios são passados basicamente a experimentar ideias. Alguém apresenta um riff, melodia ou base rítmica e tentamos desenvolver algo a partir daí. Toda a gente participa com ideias e tentamos acima de tudo criar algo que nos motive: temas que sintamos necessidade de ouvir em casa, que nos suscitem a necessidade de os voltar a tocar... por prazer. Tudo é feito com base nisso mesmo: fazer música que nos satisfaça.

P - O que achas que falta para haver uma maior internacionalização das nossas bandas? Não será por exemplo um maior espírito de aventura, entre outras razões, claro....
Há vários problemas estruturais no nosso país que tornam as coisas bem mais difíceis nos dias de hoje. De qualquer forma, cada vez mais é possível ver grupos que se aventuram pelo estrangeiro, nomeadamente em tours. E, honestamente, nos últimos anos a qualidade dos grupos tem aumentado, logo é natural que, aos poucos, se comecem a recolher os frutos desse incremento qualitativo. Só é pena não se apostar na criação de um rótulo que tornasse possível uma exportação "em bloco" de todo o potencial português. Falo de algo como "New Wave of Portuguese Death Metal" que não é tão descabido quanto isso e que permitiria um desenvolvimento tremendo neste meio, tal como aconteceu nas cenas Sueca e Norueguesa nos anos 90. Mas isto exigiria uma extrema coordenação de recursos entre imprensa, bandas, estúdios e público e, a avaliar pelo passado, tal não é possível devido, em grande parte, à mentalidade reinante. Pode ser que, num futuro próximo, as coisas possam, de facto, acontecer.

P - Os ThanatoSchizo têm fortes ligações ao underground. Como o encaram nos dias de hoje?
Foi sempre um termo dúbio para nós e ainda hoje é algo que nos confunde. Somos uma banda que não tem propriamente uma série de interesses empresariais corporativistas a apadrinhar, influenciar e favorecer a sua acção. Mas também é verdade que nunca nos identificámos com os típicos clichés do movimento underground. Talvez sejamos uma ilha dentro do underground por termos criado uma contra-cultura própria, uma forma de estar invulgar e recusarmos uma série de limitações inerentes a esse conceito que nos parecem algo infantis. Naturalmente, não temos uma estrutura milionária a suportar-nos, logo nunca poderíamos ser uma banda mainstream. E, sinceramente, nem é isso que procuramos como músicos... até porque seria meio caminho andado para vermos a nossa arte limitada pela obrigação de cativar esta ou aquela franja de público. De qualquer forma, é evidente que há cada vez mais projectos interessantes neste meio. O metal em Portugal atravessa um pico de qualidade e os lançamentos actuais comprovam-no.

P - Provavelmente a fase de composição vai afastar os Thanatoschizo dos palcos....
Sim. Este ano não pretendemos tocar ao vivo para estarmos completamente focados nos novos temas.

P- Mensagem final para os leitores...
Obrigado aos que perderam uns minutos a ler esta entrevista e passem pelo nosso site http://www.thanatoschizo.com/ sempre actualizado com novidades em relação à banda.

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