Press - Reviews
03rd September 2004
InsomniousNightLift review, Obscura Lusitânia Webzine

THANATOSCHIZO - InsomniousNightLift [2002]
origem: Portugal
editora: Misdeed Records
tempo: 66:54

faixas:
1. Reminder
2. Of Lunar Water...
3. A Promenade Portrait
4. Sublime Loss
5. Upshot Veil
6. The Journey's Shiver
7. Insomnious Night Lift
8. Dance of the Tender Leaves
9. Slow-Chamber Candles' Choir
10. Nightly Lift?

Este é o segundo lançamento dos THANATOSCHIZO, lançado no ano seguinte à estreia "Schizo Level" (2001). Isto se não contarmos com o passado com o nome de THANATOS, onde contam com uma demo e um miniCD, "Melégnia" (1999). A qualidade de gravação presente neste registo é bastante alta e ficou a cargo de Luís Barros (TARÂNTULA). A guitarra de Guilhermino Martins mostra-se aqui um elemento preponderante na música do grupo, uma vez que a bateria de Paulo Adelino está mais delicada, embora sendo talvez o elemento mais interessante. Mais espaço agora surge para as vozes de Patrícia Rodrigues, ao lado das de Eduardo Paulo. Os teclados de Filipe Miguel continuam a criar ambientes interessantes, enquanto o baixo de Miguel Ângelo veio trazer maior qualidade e uma influência claramente fora do metal. Ao nível da execução, a banda tem bastante qualidade, exceptuando algumas falhas ainda audíveis na voz limpa de Eduardo Paulo.
Embora a banda sempre se enquadre no doom metal, não será de todo notório, nem sequer intenção da própria restringir-se a um só estilo. Se no lançamento anterior as influências sonoras do black metal eram bastante significativas, agora nota-se um rock progressivo a emergir. Numa tentativa de criar um estilo próprio, a banda consegue fazer uma mistura que não será fácil de agradar a todos, como será natural num caso como este, apesar de buscar elementos maioritariamente doom, especialmente nas guitarras e voz masculina. Se quisermos simplificar as coisas, com o risco inerente, poderemos dizer que os THANATOSCHIZO fazem aquilo a que eu chamaria um doom metal progressivo. Propondo-se a banda a fazer um som esquizofrénico, o resultado é uma amálgama imensa de diferentes momentos musicais que, apesar da circularidade e repetição de muitos deles, torna-se por vezes demasiado confusa. No entanto, ao fim de várias audições, torna-se um albúm bastante interessante. Achei este CD menos pesado que o anterior e, apesar de mais experimental, as influências das várias fases sonoras de ANATHEMA tornam-se ainda mais notórias que no albúm anterior.
Ao longo do albúm, podemos ouvir passagens acústicas que contrapõe os riffs doom, umas vezes mais death outras mais heavy. A voz feminina não tem timbre lírico, tendo antes um estilo mais pop, por vezes mais gótico. Apesar da voz ser boa, devo admitir que o timbre me desagrada completamente. No entanto, a combinação voz gutural/feminina está bastante diferente e interessante. Quanto à voz masculina limpa, mostra versatilidade e ambição, mas várias vezes se torna desagradável ao meu ouvido, especialmente quando as parecenças com vários registos de Vincent Cavanagh dos ANATHEMA se tornam gritantes, como em "The Journey's Shiver", "Insomnious Night Lift", "A Promenade Portrait" ou outras. De louvar um bom e limpo sotaque inglês.
O CD entra com "Reminder", com uma introdução acústica, que fica progressivamente eléctrica, numa das melhores faixas do albúm. Bem cadenciada e com bons riffs, as partes pesadas com duelo voz gutural/feminina são contrapostas com passagens rock melancólicas. "Of Lunar Water..." é uma faixa menos interessante, em que a parecença do primeiro riff com o de "Have Big Fun" dos MÃO MORTA soa-me engraçada. "A Promenade Portrait" melhora um pouco, mas além das vozes, até os riffs lentos me fazem lembrar "The Silent Enigma". Em "Sublime Loss" aparece uma voz mais gótica, mas a música não entusiasma muito. Já a quinta faixa, "Upshot Veil" é dos melhores momentos do albúm, muito doom e com uma boa combinação de vozes. "The Journey's Shiver" embarca num som mais alternativo, algo pop, ao estilo de "Judgement", mas com um bom efeito. A sétima faixa dá nome ao albúm e é, para mim, a pior, onde as parecenças com "Eternity" também saltam à vista. "Dance of the Tender Leaves" (onde a mistura rock/pop está muito bem equilibrada com os momentos mais doom e de voz gritada) e "Slow-Chamber Candles' Choir" são duas faixas muito boas, sendo esta última talvez a melhor faixa do CD, onde se notam muitas influências góticas, incluindo uns acordes a fazer lembrar NEW ORDER ou CRADLE OF FILTH. Para fechar, em jeito de balada, "Nightly Lift?", numa pose mais relaxada, mas mesmo assim algo pesada.

Paulo Filipe
5 CDs + 1 EP
€45.00 / $58.50
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