Press - Reviews
07th October 2004
Turbulence review, Rock Heavy Loud Webzine

ThanatoSchizO - Turbulence

Um murro bem dado na indústria musical portuguesa. O conjunto oriundo de Santa Marta de Penaguião (Trás-os-Montes) pode-se orgulhar de ter feito um álbum que vai ficar para sempre como um marco (com um “M” dos bem grandes) nas lides sonoras do nosso país. “Turbulence” é já o terceiro trabalho de originais destes nortenhos, seguindo-se a “Schizo Level” e a “InsomniousNightLift”, e é uma verdadeira pérola. Seguindo mais a sonoridade do seu antecessor - INL - o que temos aqui é um Doom/Death Metal de características progressivas e ambientais, cheio de brilhantismo.
Por a banda contar com dois vocalistas, um e uma, o leitor pode pensar que este é mais um daqueles casos “Evanescêncios” onde o protagonismo se centra todo à volta da bonita vocalista…mas pense duas vezes. Porquê? Primeiro porque a banda não conta com nenhuma influência gótica na composição musical; segundo porque quem canta mais durante os temas é o vocalista Eduardo; e, em terceiro lugar, porque a banda funciona como um todo, não há protagonismos individuais. “Sweet Suicidal Serenade” abre o CD de uma forma potente, logo com guturais da parte de Eduardo, acompanhado pelo excelente guitarrista Guilhermino, mas logo no primeiro minuto Patrícia faz questão de abrandar o ritmo com a sua calma (e dócil) voz, trazendo logo a melodia à canção, onde Eduardo muda os guturais para um grande desempenho de voz limpa e prolongada. “Traces” traz-nos a boa disposição. Um acordar numa manhã, o canto dos pássaros e a comunhão com a Mãe Natureza, estendidos por oito minutos de beleza e dualidade musical, ora no ambiental, ora no mais soturno e negro das nossas cordas vocais. O tribalismo que a banda introduziu começa-se a notar na percussão de “Soured Memory”, com uns toques “dramáticos” do teclista Filipe Miguel, e estende-se a “Freedom Subways” e a “Void”. O tom mais acústico é mais notório no 4º tema “inExistence”, com um bom solo a culminar a “dança” de vozes, mas o meu preferido chama-se “Untiring Harbour”, devido a ser um tema bem difícil de se tocar, todo ele cheio de uma grande técnica instrumental (grande trabalho de pés por parte de Paulo na bateria…) e à magnífica prolongação da límpida voz de Patrícia.
O single escolhido para apresentação foi “Freedom Subways”, que, confesso me surpreendeu um pouco. Não esperava nada tribal vindo dos Thanatoschizo. É um dos temas mais rápidos e mais caóticos de “Turbulence”, ajudados pela (já falada) batida tribal de bateria, mas – por favor – não façam comparações a Sepultura, porque aqui não há “Roots Bloody Roots” para ninguém. Depois a terminar, e para os mais “open minded”, têm “Void”, um autêntico “melting pot” de culturas musicais, desde o Tribal Afro-Asiático …ao Death Metal europeu, acabando num grande Thrash frenético (por breves segundos!)!Uma verdadeira esquizofrenia sonora.
Produzido por Luís Barros e misturado por Tommy Newton, “Turbulence” trazer-vos-á à memória nomes como Porcupine Tree ou Opeth, mas no final o som dos portugueses distingue-se bem destas bandas. A vertente mais extrema da banda, demonstrada no “Schizo Level”, ficou praticamente de fora e, deu assim lugar a um som mais limpo, mais calmo e, talvez, mais “easy listening”. Enfim, Doom Progressivo.
Avaliação: 9/10

Simão Fonseca
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