Press - Interviews
08th August 2011
Interview for Via Nocturna radio show
Com Origami, os ThanatoSchizo atingiram um patamar inigualável dentro do espectro metálico nacional. Se há disco em que o termo brilhantismo se aplica com todo o rigor, esse disco chama-se Origami. Por isso era pertinente conhecer o antes, durante e depois da criação de uma obra com esta envergadura. Patrícia Rodrigues foi a eleita para nos elucidar.
Este trabalho é algo de diferente no contexto TSO e mesmo a nível nacional. Como e quando surgiu a ideia de criar uma obra desta envergadura?
Este álbum é um sonho nosso já desde 2002, aquando dos concertos que começámos a fazer em lojas FNAC. Na altura foi-nos pedido que tocássemos num formato mais “leve”, ao que acedemos com todo o gosto, uma vez que representava um desafio aliciante. Como notámos que o resultado era amplamente satisfatório para nós e que o público também aderira muito bem, resolvemos que um dia iríamos registar as nossas músicas com uma roupagem diferente.
Deve ter sido um período de árduo trabalho. De que forma descreverias todo o processo de reconstruir esses temas com esta nova roupagem?
Foi um processo moroso e de bastante trabalho, sim, mas mais por causa dos arranjos, dos pequenos detalhes que iriam conferir o caráter original a temas que já eram do conhecimento do público. Seria demasiado fácil retirar a distorção dos temas e abandonar as vozes mais rasgadas. Isso não seria um desafio! Seria, isso sim, ludibriar as pessoas que nos estavam a ouvir e que estariam à espera de algo mais, como já é hábito quando se trata de ThanatoSchizO. Daí que, até para nos sentirmos motivados, houve todo um processo de modificação dos temas, de maneira a proporcionar uma nova viagem aos ouvintes.
Em termos de convidados, gostaria de saber como foi feita a sua escolha e que input tiveram eles na criação do produto final?
A escolha foi feita da forma mais natural possível e não foi preciso pensar muito para chegar à conclusão de quais seriam os convidados que melhor se enquadrariam no que pretendíamos criar. Após termos feito a seleção dos temas a incluir em Origami, a reflexão foi célere e não levantou quaisquer dúvidas. Sabíamos o que queríamos, mas demos total liberdade aos intervenientes para poderem colocar o seu talento em prática, pois estávamos cientes de que o seu contributo iria enriquecer ainda mais o nosso trabalho.
E como foi feita a gestão de um grupo tão vasto de músicos?
Requereu algum trabalho em termos de gestão de tempo, de agendas, de compromissos. Houve a necessidade de haver uma adaptação regular ao nível de horários, imprevistos. Porém, tínhamos todos o mesmo objetivo e havia uma vontade imensa de tornar Origami no registo especial que é, por isso, com muita paciência, empenho e capacidade de adaptação, foi possível gerir tudo de forma eficiente.
Agora que o trabalho está pronto, que visão crítica têm os TSO sobre o mesmo? Está de acordo com as expectativas iniciais ou superou-as?
Depois de terminado todo o processo e volvidos alguns meses após a conclusão de Origami, o sentimento que temos é de concretização, satisfação, felicidade e vontade de fazer ainda mais e melhor. As expectativas eram enormes e foram saciadas, mas já estamos a pensar no próximo trabalho, tendo em mente a superação deste.
E como tem sido a reação dos fãs e dos media? Está a corresponder ao vosso empenho e dedicação?
A reação quer dos fãs quer dos media tem sido muito boa, tendo em conta que o álbum transporta consigo não só uma mudança musical em ThanatoSchizO, mas também um virar de página em termos humanos, mais não seja pela saída de dois elementos muito importantes do nosso grupo. Creio que é um álbum mais abrangente em termos de gostos, o que se traduz na abertura de mais horizontes ao nível dos ouvintes. Quanto aos media, a mudança foi bem aceite, uma vez que não apareceu do nada. Como já disse anteriormente, não foi a primeira vez que nos aventurámos no mundo acústico.
Como vês a edição desta obra e que influência poderá vir a ter no cenário musical nacional?
Este álbum pode abrir mais portas a este tipo de música, o qual não é propriamente popular no nosso país. É uma maneira de mostrar ao público em geral que metal não implica apenas peso e agressividade. Existem outras facetas tão ou mais apelativas que o que se faz em outros géneros. Além disso, poderá encorajar as bandas deste estilo a experimentar novos caminhos, para que não se sintam como que obrigadas a respeitar os “trâmites” deste estilo musical, havendo lugar para a criatividade e para o extravasar das ideias, superando-se limites e redefinindo tendências.
Não é de hoje, mas os TSO tem vindo a superar-se álbum após álbum e este disco surge precisamente após o tão aclamado Zoom Code. Sentiram que esta era a altura certa para este passo?
Sentimos que tinha chegado a altura de concretizar este sonho, pois tínhamos alcançado a maturidade musical necessária para transportar as nossas ideias para notas musicais. Era o momento propício para efetuar mais uma mudança e começar a escrever um novo capítulo.
Que critérios presidiram à escolha dos temas para recriar?
Na realidade, não existiu um conjunto de critérios específico para a seleção dos temas presentes em Origami. De facto, poderíamos ter escolhido outros e ainda assim ter um álbum representativo do nosso percurso. A questão aqui prendeu-se apenas com a inclusão de temas que resultassem ao vivo num formato acústico, o que se tornou fácil, uma vez que já tínhamos tocado neste formato em showcases da FNAC.
Zoom Code acaba por ser o álbum mais coberto. Algum motivo em especial?
Não posso afirmar que existe um motivo em especial para tal a não ser que se trata de um álbum mais criativo, maduro, abrangente e aberto a possibilidades. Creio que foi o álbum que mostrou um vislumbre do que poderia vir a seguir na nossa carreira, sem que nós próprios nos dessemos conta disso.
Acho curioso verificar que têm passado, ao longo do vosso trajeto editorial, por diversas editoras. É este um sinal da vossa individualidade e independência?
Podemos ver as coisas desse prisma, mas também podemos abordar a questão de outra maneira: uma busca inacabada pela editora que trate o nosso trabalho com respeito e que não veja o produto final como apenas uma maneira de ganhar dinheiro. Isso é algo muito importante para nós aquando da escolha de uma editora e é o que continuará a pautar o nosso futuro.
E mais uma vez isso ocorre: este é um lançamento Major Label Industries. Como se processou o contacto a este nível?
Conhecemos o Fernando Reis há muitos anos, pelo que o seu contacto não nos surpreendeu, pois sabemos que ele é um apreciador do nosso trabalho já desde há muito tempo. Deste modo, todo o processo de negociação ocorreu de forma natural e calma, num ambiente de respeito pela obra criada e pelos criadores.
Sendo que este não é propriamente um disco de originais, já há algo a ser preparado para suceder a Zoom Code neste capítulo?
Se há algo que nos dá imenso prazer é a criação de novos temas, numa tentativa de nos desafiarmos e isso não será descurado no nosso próximo registo. Posto isto, já estamos em processo de criação e, depois de um álbum como Origami, o sucessor de Zoom Code será um desafio ainda maior.
Vamos ter a hipótese de ver TSO ao vivo em formato acústico ou não?
Até agora já concretizámos 3 datas neste formato e queremos continuar a mostrar todo o potencial de Origami ao público, num espetáculo muito especial, intimista, dinâmico e cheio de surpresas. Estamos a tratar de próximas datas, porque o que nos dá uma enorme satisfação são os concertos ao vivo, onde o contacto com o público é extremamente estreito e pessoal.
A terminar, depois de mais este passo, aonde pensas que os TSO ainda podem chegar?
Este continua a ser o nosso sonho, mesmo depois de treze anos de carreira com as adversidades conhecidas que qualquer banda do género tem de passar em Portugal, mesmo depois de todas as mudanças que foram ocorrendo. Assim sendo, acredito que continuaremos a rumar para novos destinos, aceitando novos desafios, sem nunca colocar de parte a nossa enorme vontade de criar mundos diferentes e surpreendentes.
Pedro Carvalho
Com Origami, os ThanatoSchizo atingiram um patamar inigualável dentro do espectro metálico nacional. Se há disco em que o termo brilhantismo se aplica com todo o rigor, esse disco chama-se Origami. Por isso era pertinente conhecer o antes, durante e depois da criação de uma obra com esta envergadura. Patrícia Rodrigues foi a eleita para nos elucidar.
Este trabalho é algo de diferente no contexto TSO e mesmo a nível nacional. Como e quando surgiu a ideia de criar uma obra desta envergadura?
Este álbum é um sonho nosso já desde 2002, aquando dos concertos que começámos a fazer em lojas FNAC. Na altura foi-nos pedido que tocássemos num formato mais “leve”, ao que acedemos com todo o gosto, uma vez que representava um desafio aliciante. Como notámos que o resultado era amplamente satisfatório para nós e que o público também aderira muito bem, resolvemos que um dia iríamos registar as nossas músicas com uma roupagem diferente.
Deve ter sido um período de árduo trabalho. De que forma descreverias todo o processo de reconstruir esses temas com esta nova roupagem?
Foi um processo moroso e de bastante trabalho, sim, mas mais por causa dos arranjos, dos pequenos detalhes que iriam conferir o caráter original a temas que já eram do conhecimento do público. Seria demasiado fácil retirar a distorção dos temas e abandonar as vozes mais rasgadas. Isso não seria um desafio! Seria, isso sim, ludibriar as pessoas que nos estavam a ouvir e que estariam à espera de algo mais, como já é hábito quando se trata de ThanatoSchizO. Daí que, até para nos sentirmos motivados, houve todo um processo de modificação dos temas, de maneira a proporcionar uma nova viagem aos ouvintes.
Em termos de convidados, gostaria de saber como foi feita a sua escolha e que input tiveram eles na criação do produto final?
A escolha foi feita da forma mais natural possível e não foi preciso pensar muito para chegar à conclusão de quais seriam os convidados que melhor se enquadrariam no que pretendíamos criar. Após termos feito a seleção dos temas a incluir em Origami, a reflexão foi célere e não levantou quaisquer dúvidas. Sabíamos o que queríamos, mas demos total liberdade aos intervenientes para poderem colocar o seu talento em prática, pois estávamos cientes de que o seu contributo iria enriquecer ainda mais o nosso trabalho.
E como foi feita a gestão de um grupo tão vasto de músicos?
Requereu algum trabalho em termos de gestão de tempo, de agendas, de compromissos. Houve a necessidade de haver uma adaptação regular ao nível de horários, imprevistos. Porém, tínhamos todos o mesmo objetivo e havia uma vontade imensa de tornar Origami no registo especial que é, por isso, com muita paciência, empenho e capacidade de adaptação, foi possível gerir tudo de forma eficiente.
Agora que o trabalho está pronto, que visão crítica têm os TSO sobre o mesmo? Está de acordo com as expectativas iniciais ou superou-as?
Depois de terminado todo o processo e volvidos alguns meses após a conclusão de Origami, o sentimento que temos é de concretização, satisfação, felicidade e vontade de fazer ainda mais e melhor. As expectativas eram enormes e foram saciadas, mas já estamos a pensar no próximo trabalho, tendo em mente a superação deste.
E como tem sido a reação dos fãs e dos media? Está a corresponder ao vosso empenho e dedicação?
A reação quer dos fãs quer dos media tem sido muito boa, tendo em conta que o álbum transporta consigo não só uma mudança musical em ThanatoSchizO, mas também um virar de página em termos humanos, mais não seja pela saída de dois elementos muito importantes do nosso grupo. Creio que é um álbum mais abrangente em termos de gostos, o que se traduz na abertura de mais horizontes ao nível dos ouvintes. Quanto aos media, a mudança foi bem aceite, uma vez que não apareceu do nada. Como já disse anteriormente, não foi a primeira vez que nos aventurámos no mundo acústico.
Como vês a edição desta obra e que influência poderá vir a ter no cenário musical nacional?
Este álbum pode abrir mais portas a este tipo de música, o qual não é propriamente popular no nosso país. É uma maneira de mostrar ao público em geral que metal não implica apenas peso e agressividade. Existem outras facetas tão ou mais apelativas que o que se faz em outros géneros. Além disso, poderá encorajar as bandas deste estilo a experimentar novos caminhos, para que não se sintam como que obrigadas a respeitar os “trâmites” deste estilo musical, havendo lugar para a criatividade e para o extravasar das ideias, superando-se limites e redefinindo tendências.
Não é de hoje, mas os TSO tem vindo a superar-se álbum após álbum e este disco surge precisamente após o tão aclamado Zoom Code. Sentiram que esta era a altura certa para este passo?
Sentimos que tinha chegado a altura de concretizar este sonho, pois tínhamos alcançado a maturidade musical necessária para transportar as nossas ideias para notas musicais. Era o momento propício para efetuar mais uma mudança e começar a escrever um novo capítulo.
Que critérios presidiram à escolha dos temas para recriar?
Na realidade, não existiu um conjunto de critérios específico para a seleção dos temas presentes em Origami. De facto, poderíamos ter escolhido outros e ainda assim ter um álbum representativo do nosso percurso. A questão aqui prendeu-se apenas com a inclusão de temas que resultassem ao vivo num formato acústico, o que se tornou fácil, uma vez que já tínhamos tocado neste formato em showcases da FNAC.
Zoom Code acaba por ser o álbum mais coberto. Algum motivo em especial?
Não posso afirmar que existe um motivo em especial para tal a não ser que se trata de um álbum mais criativo, maduro, abrangente e aberto a possibilidades. Creio que foi o álbum que mostrou um vislumbre do que poderia vir a seguir na nossa carreira, sem que nós próprios nos dessemos conta disso.
Acho curioso verificar que têm passado, ao longo do vosso trajeto editorial, por diversas editoras. É este um sinal da vossa individualidade e independência?
Podemos ver as coisas desse prisma, mas também podemos abordar a questão de outra maneira: uma busca inacabada pela editora que trate o nosso trabalho com respeito e que não veja o produto final como apenas uma maneira de ganhar dinheiro. Isso é algo muito importante para nós aquando da escolha de uma editora e é o que continuará a pautar o nosso futuro.
E mais uma vez isso ocorre: este é um lançamento Major Label Industries. Como se processou o contacto a este nível?
Conhecemos o Fernando Reis há muitos anos, pelo que o seu contacto não nos surpreendeu, pois sabemos que ele é um apreciador do nosso trabalho já desde há muito tempo. Deste modo, todo o processo de negociação ocorreu de forma natural e calma, num ambiente de respeito pela obra criada e pelos criadores.
Sendo que este não é propriamente um disco de originais, já há algo a ser preparado para suceder a Zoom Code neste capítulo?
Se há algo que nos dá imenso prazer é a criação de novos temas, numa tentativa de nos desafiarmos e isso não será descurado no nosso próximo registo. Posto isto, já estamos em processo de criação e, depois de um álbum como Origami, o sucessor de Zoom Code será um desafio ainda maior.
Vamos ter a hipótese de ver TSO ao vivo em formato acústico ou não?
Até agora já concretizámos 3 datas neste formato e queremos continuar a mostrar todo o potencial de Origami ao público, num espetáculo muito especial, intimista, dinâmico e cheio de surpresas. Estamos a tratar de próximas datas, porque o que nos dá uma enorme satisfação são os concertos ao vivo, onde o contacto com o público é extremamente estreito e pessoal.
A terminar, depois de mais este passo, aonde pensas que os TSO ainda podem chegar?
Este continua a ser o nosso sonho, mesmo depois de treze anos de carreira com as adversidades conhecidas que qualquer banda do género tem de passar em Portugal, mesmo depois de todas as mudanças que foram ocorrendo. Assim sendo, acredito que continuaremos a rumar para novos destinos, aceitando novos desafios, sem nunca colocar de parte a nossa enorme vontade de criar mundos diferentes e surpreendentes.
Pedro Carvalho