Os ThanatoSchizO estão de volta com mais um álbum, intitulado "Zoom code". Mas uma vez parece que reinventaram o seu som e demonstram ser uma aposta, cada vez mais dorte, no metal português. Estivemos à conversa com o guitarrista Guilhermino Martins e ficámos a conhecer mais deste novo trabalho, e não só.
Para quem não conhece os ThanatoSchizO faz-nos uma ligeira apresentação da banda…
Os ThanatoSchizO são um grupo de Santa Marta de Penaguião (Trás-os-Montes) que completa agora dez anos de carreira. Ao longo desta caminhada editámos quatro álbuns, um EP e uma demo. Já passámos por diversas editoras internacionais (Rage of Achilles, Burning Elf Records, etc) e encontramo-nos actualmente a trabalhar com a italiana My Kingdom Music.
Vocês parece que se auto inventam a cada novo álbum que editam, em todos os sentidos, ou seja, em termos visuais, estéticos, musicais etc…porquê essas “renovações”?
Não há um “porquê” definitivo, nem uma razão específica para isso acontecer. Nós tocamos a música que mais nos dá prazer ouvir em determinado momento. Como não há regras preestabelecidas sentimo-nos livres de limitações em termos criativos. Odiaria ver-nos como uma banda que edita constantemente o mesmo álbum, mudando apenas o artwork. Acima de tudo, vamos crescendo e a nossa música reflecte esse acréscimo de maturidade, mantendo sempre um traço bastante característico na nossa música. Os álbuns são, felizmente, todos diferentes entre si, mas é possível reconhecer a trademark TSO em qualquer um deles.
Consideras que para além da música há um conceito todo subjacente aos ThanatoSchizO que funciona como um todo? Ou seja, as pessoas para “entrarem” dentro da vossa música têm que também conhecer o que está para além das composições musicais?
Percebo o que queres dizer, mas acredito que a nossa música seja válida mesmo sem a tal contextualização que abordas. Havendo primariamente esse conhecimento de todo o conceito por detrás desta banda, a assimilação talvez seja mais fácil, mas não tenho dúvidas que os álbuns, as músicas valem também apenas por si mesmos.
No passado tinham a Misdeed Records como vossa editora. Como surgiu o cancelamento desse contracto e a entrada para a My Kingdom Music?
Não houve cancelamento algum. Os contratos com a Misdeed Records eram estabelecidos de álbum para álbum e, desta vez, firmámos o contrato com a My Kingdom Music. Trata-se de uma editora italiana com quem já tínhamos estabelecido contacto no passado e com um catálogo interessante (sou, aliás, fã de bandas como Crowhead, Rain Paint ou Klimt 1918 – três colectivos que fazem (ou já fizeram) parte do selo italiano), assumindo-se como um passo óbvio na nossa carreira.
Já no álbum anterior haviam trabalhado com o André como fotografo, para as vossas fotos promocionais, porquê, novamente a escolha recair sobre ele?
Trabalhámos com o André Henriques desde o primeiro álbum e não fazemos questão de alterar esse processo. O André é um excelente fotógrafo e uma óptima pessoa.
Mais uma vez também registaram o disco sob a alçada de Luís Barros nos Rec n´Roll Studios, nunca pensaram em ir gravar lá fora?
Estamos plenamente satisfeitos com a produção de Zoom Code. Tal como a banda foi crescendo ao longo dos anos, também o estúdio se foi renovando e isso percebe-se ouvindo o álbum. É óbvio que já pensámos gravar lá fora mas a longevidade desta banda advém de uma gestão de carreira muito astuta e, por isso, nunca verás os TSO darem um passo maior do que as pernas.
Tu, Guilhermino tens também os Blind and Lost Studios onde tens ajudado algumas bandas a gravar as suas demos etc. Como tens sentido essa experiência?
Bastante interessante! Tenho oportunidade de acompanhar de perto jovens grupos – maioritariamente desta região – e acabo por aproveitar alguma da experiência que fui ganhando em estúdio ao longo dos anos na gravação de Demos que lhes acabam por permitir lançar-se e dar o primeiro passo no business.
Acham que em Portugal há público para a vossa música? Ou seja, não acham que se tivessem noutro pais tinham mais aceitação ou eram melhor compreendidos?
Acho que temos um nicho de mercado bastante interessante que nos segue bem de perto – e a prova disso foi a quantidade surpreendente de pré-encomendas que tivemos do nosso novo álbum – e que apresenta uma transversalidade de estilos que nos apraz registar.
Como surgiu a oportunidade de ter os convidados que têm no disco?
À medida que fomos compondo os temas sentimos necessidade de estabelecer essas colaborações. Nos casos do Timb Harris (Estradasphere) e do Zweizz (Fleurety, ex-Dodheimsgard) são músicos de bandas que apreciamos desde há uns bons anos e foram escolhas naturais de forma a adicionarem algo seu à nossa música. No caso do António Pereira, que é um músico activo em bandas folk locais, a forma como interpretou aquilo que lhe pedimos na sua concertina e saxofone deu um travo ainda mais exótico à nossa música e, especialmente, no tema Hereafter Path a sua participação revelou-se impagável.
Nunca pensaram em editar algo ao vivo ou em formato acústico?
No passado não, mas no presente é algo que temos vindo a equacionar.
Agora que estão na My Kingdom Music estão a planear alguma tour fora do nosso país para promoção do novo álbum?
Vamos, efectivamente, ter alguns concertos fora de Portugal. O primeiro será já no próximo dia 10 de Maio em Zamora (Espanha). Ao longo dos próximos tempos teremos mais pormenores sobre este assunto.
Nota-se neste álbum o uso de menos vozes guturais por parte do vosso vocalista Eduardo, podemos dizer que se estão a “libertar” dessa faceta mais do passado?
TNão lhe chamaria “libertar”, mas há efectivamente um menor domínio de vozes guturais em detrimento de vocalizações limpas. Como já referi, não há um plano (neste caso de desguturalização de TSO), mas sim um evoluir constante e uma forma muito artística e peculiar de encarar a nossa música.
Porquê ZOOM CODE?
Musicalmente, porque o álbum representa aquilo que melhor sabemos fazer em 2008: um zoom in sobre o que esta banda representa artisticamente na actualidade. Artisticamente... é algo que deixamos as pessoas tentarem perceber depois de ouvirem a música, acompanharem as letras e visualizarem o layout do cd.
Que se segue num futuro próximo?
Os concertos e showcases de promoção ao álbum.
Muito obrigado e tens este espaço para umas últimas palavras…
Obrigado pela entrevista, Tiago Oliveira e votos de sucesso para o projecto IM.